P E R D Ã O As feridas, os machucados, o ódio perene. Há um momento em que o “perdoar” precisa ser precedido de toda uma reflexão de vida.
E parece mesmo que as pessoas não conseguem mais usufruir as coisas belas e amenas colocadas à disposição do homem por Deus que, ao concluir a sua criação, achou que tudo era muito bom (Genesis 1:31).
Nesse estado de coisas, ligada profundamente a uma vida humana onde a pessoa não disputa a grama verde para seus rebanhos, mas o espaço de asfalto, ou talvez de calçada pelo qual irá transitar naquele dia, existe algo chamado “competição”.
Cada concurso traz centenas de concorrentes para uma só vaga, nas indústrias e no comércio cada um está tentando galgar mais um degrau de carreira, mesmo passando por cima de antigos companheiros caídos.
A cada dia os anúncios gritam em nossos ouvidos que precisamos ter um tal carro, ou casa, ou novidade eletrônica, pois os outros já os possuem, e não seria possível ficarmos para trás.
Dai surgem as dívidas, as falências, as contendas, em um procedimento que não pode ser lançado à responsabilidade do capitalismo, ou de qualquer regime moderno, pois, já dois mil anos atrás, o apóstolo Tiago vaticinava:
“Cobiçais e nada tendes, sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis”. “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites”. (Tg 4:2-3).
Notamos que Tiago nos fala ou da ausência de pedido para Deus ou de um pedido inadequado, que seria algo além do “pão nosso de cada dia” (Mt 6:9-13).
Como o homem prefere tomar o que é do outro a confiar que Deus lhe dará sua parte, as pessoas se machucam - umas as outras - em nome do ódio, em nome do amor, em nome da ciência, em nome da religião, em nome de seus direitos, em nome do medo, em nome da soberba, em nome da falsa modéstia.
Dentro de tal clima, onde ventos, tempestades e raios são meros “pano de fundo”, devo concordar plenamente com os que afirmam ser muito difícil perdoar, pois o sentimento que invade aquele que foi traído, ferido, passado para trás, é que alguém tomou parte não somente de seus direitos e sonhos, mas de sua vida.
Isso não representa o ocaso do perdão, pois ele é fundamental para nossa relação com Deus e com nós mesmos, mas é o indicativo que o perdoar precisa ser precedido por toda uma reflexão sobre a realidade da vida.
Se tudo que o homem tem é o hoje, então cada perda é irreparável, sendo impossível aceitá-la, restando somente a sensação de ódio para com aquele que a trouxe a nossa vida. Perdoar assim nem é difícil, é IMPOSSÍVEL.
Para quem entende que a vida terrena nada mais é que uma edificação para a eternidade, jamais haverá sentimento de perda, e conseqüente rancor irremovível, contra os que tiraram os andaimes do edifico, uma vez que as paredes estão levantadas. Neste enfoque o perdão é simples, pois, de fato nada perdemos ou, o que eventualmente perdemos hoje, será retribuído multiplicado amanhã.
“Não ajunteis tesouros na terra........... mas ajuntai tesouros no céu... porque onde estiver o vosso coração aí estará também o vosso coração” (Mt 6:19-21). www.pastorelcio.com Pastor Elcio
Enviado por Pastor Elcio em 03/10/2008
Alterado em 03/10/2008 |